Sócrates. Ele voltou. Tenham medo, tenham muito medo
Ex-primeiro-ministro volta como comentador na RTP. Seguro acha “normal”, mas CDS quer conhecer critérios da escolha
A notícia caiu com estrondo no meio político e não só. Precisamente
dois anos depois de ter apresentado a demissão do governo, José Sócrates
está de volta e em estilo comentador político, com um programa semanal,
aos domingos à noite, na RTP que arranca no dia 7 de Abril, de acordo
com o jornal Sol. Entre os seus mais próximos, a expectativa é que o
ex-primeiro-ministro aproveite o espaço para fazer a defesa do seu
legado.
Esta é aliás uma reivindicação que nos últimos tempos tem chegado com
insistência de Paris (onde Sócrates tem estado a estudar), ainda que por
portas travessas. O incómodo com a falta de defesa da sua governação,
sobretudo pela actual direcção do PS, já contribuiu até para a ameaça de
uma alternativa à liderança de António José Seguro que acabou por não
passar disso mesmo. O desafiador foi António Costa, que ontem, no
programa “Quadratura do Círculo” gravado à tarde no “fórum de políticas
públicas” do ISCTE, disse que, “como amigo” de Sócrates, considera este
regresso “má ideia”.
António José Seguro reagiu logo de manhã à notícia avançada pelo
“Diário de Notícias” para garantir não estar “absolutamente nada”
preocupado com o regresso político do seu antecessor no PS. Seguro
considera a situação “normal” e sublinhou que “há vários ex-dirigentes
de partidos que fazem comentário político”. O único ex-primeiro-ministro
com presença semanal no comentário televisivo é Pedro Santana Lopes,
que, depois de ter saído do governo, admitiu “andar por aí”.
Curiosamente, Santana foi o político que debateu com Sócrates,
semanalmente, também na RTP, entre 2002 e 2004 - antes de sair para
liderar o governo.
No PS, a ala socrática saúda o regresso e garante que o objectivo não é
confrontar a actual liderança socialista. O deputado André Figueiredo
diz ao i que este interesse de José Sócrates por voltar ao activo
mostra “consciência tranquila e coragem e evidencia que não tem receio
de ser confrontado com o que quer que seja”. Quanto à ameaça à actual
liderança, o socialista diz apenas que “a participação de qualquer
ex-secretário- -geral será benéfica para o PS”.
Nesta frente socialista, acredita-se que “neste momento já ninguém vai
dizer que a culpa do que se está a passar é da responsabilidade do
governo anterior”. José Lello acrescenta que Sócrates virá contrariar
“as idiotices que se dizem por aí sobre a sua governação”. E Renato
Sampaio também acredita que o tempo de antena semanal (cerca de 25
minutos num programa de análise política) “servirá para defender o seu
legado e o seu mandato como primeiro-ministro”.
Certo é que o acontecimento político de maior relevo agendado para
Abril é o congresso do PS, marcado para 26, 27 e 28, e será
incontornável na análise do comentador Sócrates, ex-líder do PS.
O governo manteve-se à margem da questão e atribui a decisão à direcção de informação da RTP. Contactado pelo i, o gabinete de Miguel Relvas (que tutela a comunicação social) diz ser “uma questão editorial na qual o tutela não se imiscui”.
José Sócrates não será pago pelo comentário semanal, mas a RTP não faz
mais que confirmar a informação do reforço do painel de comentadores.
Além de Sócrates, Nuno Morais Sarmento será comentador na TV pública a
partir de Abril. “O ex-primeiro-ministro e o ex-ministro de Estado e dos
Assuntos Parlamentares terão espaços semanais autónomos de comentário
político na RTP 1”, explica a estação pública.
Estas explicações não chegam para o CDS-PP, que logo ontem requereu a
presença do director de informação da RTP no parlamento para dar
esclarecimentos sobre esta escolha. “Há uma perplexidade óbvia quanto ao
critério da escolha de um ex-primeiro-ministro para um tempo de antena
de 25 minutos no serviço público de televisão”, argumentou Telmo
Correia.
A semana ficou definitivamente marcada pelo regresso de Sócrates. O ex-primeiro-ministro vai ter um programa semanal de comentário político na RTP e esta notícia rapidamente gerou manifestos contra e a favor. No plano internacional, as atenções centram-se no Chipre. A polémica medida proposta de taxar os depósitos dos cipriotas não reuniu consenso e abriu uma crise poítica e económica no país e na Europa. Quanto ao desporto, a selecção portguesa foi ao Israel empatar 3 - 3.
Após um tempo de silêncio e a viver em Paris, o ex- primeiro-ministro regressa aos ecrãs da televisão pública e tem como objectivo explicar os seus seis anos de governação. José Sócrates foi convidado pela RTP para ter um programa semanal com cerca de 25 minutos
A proposta do secretário-geral do PS, António José Seguro, para a apresentação de uma moção de censura ao Governo foi aprovada por unanimidade em reunião da Comissão Política dos socialistas
Sócrates na RTP. Petições a favor e contra circulam na internet
Após um tempo de silêncio e a viver em Paris, o ex- primeiro-ministro regressa aos ecrãs da televisão pública e tem como objectivo explicar os seus seis anos de governação. Ao que o “Diário de Notícias” apurou, José Sócrates foi convidado pela RTP para ter um programa semanal com cerca de 25 minutos.
Milhares de portugueses já assinaram hoje uma petição contra a presença do ex-primeiro-ministro José Sócrates como comentador político na RTP, número que já obriga a que o tema seja discutido em plenário da Assembleia da República.
Por sua vez, um grupo de cidadãos está a promover na Internet uma petição a favor da presença do ex-primeiro-ministro José Sócrates como comentador político na RTP, iniciativa que surge como resposta a uma petição contra o ex-líder socialista.
As negociações tiveram início no princípio deste ano entre Lisboa e Paris, sob a responsabilidade do director de informação Paulo Ferreira. Ainda não se sabe em que horário irá decorrer o programa, mas entrará no ar já em Abril.
Quanto à remuneração, Sócrates não receberá directamente qualquer retribuição financeira devido à sua participação na grelha de analistas. Contudo, ainda não se conhece os termos do acordo.
A viver em Paris, José Sócrates não confirma nem desmente o convite da RTP e recusa esclarecer qualquer pormenor relacionado com este regresso, que só poderá acontecer depois de Junho – altura em que termina os estudos na Sciences Po. Até lá, o ex-governate irá deslocar-se pontualmente aos estúdios do canal público.
Mais de 150 mil pessoas assinam petição contra presença de Sócrates na RTP
Mais de 150 mil pessoas assinaram hoje uma petição contra a presença do ex-primeiro-ministro José Sócrates como comentador político na RTP, número que já obriga a que o tema seja discutido em plenário da Assembleia da República.
A petição "Recusamos a presença de José Sócrates como comentador da RTP" tinha, às 12:18 de hoje, 6.023 signatários.
Segundo a lei, qualquer petição online com pelo menos 4.000 assinaturas tem de ser apreciada em plenário da Assembleia da República.
Os signatários da petição, que se apresentam como cidadãos e contribuintes portugueses, afirmam no texto recusar "a presença do ex-primeiro-ministro José Sócrates em qualquer programa da RTP", alegando que se trata de uma televisão paga com dinheiros públicos.
Os contribuintes, acrescenta o texto, "sofrem do resultado da má gestão deste senhor [José Sócrates]" e recusam "liminarmente o branqueamento das ações deste senhor através da TV dos atos de despesismo e gestão danosa, que fez com este país andasse para trás, e não para a frente".
A petição vai ser enviada para os deputados da Assembleia da República e para o presidente da administração da RTP, Alberto da Ponte
O diretor de Informação da RTP confirmou hoje à Lusa que a estação pública vai contar, a partir de abril, com o ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates e o ex-ministro da Presidência social-democrata Nuno Morais Sarmento como comentadores políticos.
"Confirmo que a RTP vai ter dois novos comentadores políticos: José Sócrates e Nuno Morais Sarmento", afirmou o diretor de Informação, Paulo Ferreira.
A notícia, avançada na edição de hoje do Diário de Notícias, refere que as negociações decorreram desde o início do ano e que cada programa será semanal e com duração de 25 minutos.
O jornal refere ainda que a presença de José Sócrates na RTP não será remunerada.
O diretor de Informação da RTP escusou-se, no entanto, a avançar com pormenores sobre os formatos previstos.
De acordo com o DN, a estreia do espaço de comentário político de José Sócrates será antecedida por uma grande entrevista em que o antigo primeiro-ministro, que pediu a demissão a 23 de março de 2011, pretende esclarecer alguns temas a propósito dos seus seis anos de governação.
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