Pornô light: especialistas comentam a onda de livros eróticos que caiu no gosto feminino
Com temáticas mais leves e uma mistura entre cama e romance, o gênero veio para ficar. Especialistas defendem: esses livros são um avanço!
Excitações diferentes
Ogi Ogas, americano, neurocientista e autor do livro "A Billion Wicked Thoughts" (Um bilhão de pensamentos maldosos), sem tradução no Brasil
Ogi Ogas, americano, neurocientista e autor do livro "A Billion Wicked Thoughts" (Um bilhão de pensamentos maldosos), sem tradução no Brasil
"Faz todo sentido que essa literatura pornô 'feminina' esteja alcançando tanto sucesso. O próprio meio livro parece ser o mais adequado para disparar o gatilho do desejo da mulher. Pesquisas mostram diferenças entre os gêneros. Estudamos o comportamento de milhões de americanos na internet, na privacidade de seus desktops. Vimos que, quando querem se excitar, os homens fazem buscas no Google Imagens. As mulheres procuram histórias. Quer dizer, eles ficam excitados com fotos e filmes; elas, com enredos. O desejo do ser humano em geral é disparado por sinais — captados de maneira inconsciente — de que um parceiro sexual em potencial pode ser um bom reprodutor. Mas o processo de percepção não é igual para homens e mulheres. Para eles, basta olhar para saber se a garota-alvo é saudável, o que a habilitaria a ser mãe e despertaria tesão. Vendo já dá para estimar a idade, a pele, o peso... Aliás, cabe uma observação: as buscas por imagens eróticas de cheinhas é três vezes maior do que por magras. Já os fatores que tornam um cara excitante para elas são outros. As mulheres querem transar com os amáveis, responsáveis, confiáveis, capazes de protegê-las e de dar condições e recursos para cuidar dos futuros filhos. Essas informações só são obtidas em conversas e histórias, não apenas olhando. Há uma diferença fundamental entre o cérebro feminino e o masculino. É o chamado problema mente-corpo. Para o homem, os estímulos sexuais físico e mental estão conectados. Quando ele tem uma ereção, os pensamentos estão voltados para 'aquilo'. A mulher não: ela pode receber estímulos físicos e a mente não acompanhar. Assim, acontece de seu corpo ficar excitado quando ela vê um filme pornô, mas a cabeça, não. Como não é do interesse biológico das mulheres toparem todas as oportunidades que têm de fazer sexo (e correr o risco de engravidar), a mente relativiza o desejo despertado. 'Será que esse cara é legal? Será que vale a pena transar com ele?' Lembrando, estamos falando de instintos sexuais primitivos, sobre tesão, desejo... Os fatores que nos atraem para um relacionamento são mais suscetíveis a influências sociais, culturais e ambientais."
Ilustração: Carlos Zéfiro
Um novo verbete entrou no dicionário Collins da língua inglesa no mês passado. Trata-se da expressão mommy porn, cuja definição é "literatura erótica para mulheres comuns, gente como a gente". O termo foi consagrado pelo livro Cinquenta Tons de Cinza,
a trilogia escrita pela inglesa E.L. James, que bateu recordes
assombrosos de venda ao misturar narrativas de cenas sexo recheadas de
sadomasoquismo com uma história de amor. Foram 40 milhões de cópias
vendidas desde o lançamento nos Estados Unidos, em março, metade delas
em formato digital. As brasileiras também ficaram alvoroçadas com a
novidade. "Sabíamos que o livro seria bem aceito. Ainda que a história
seja picante e o sexo esteja presente o tempo todo, trata-se de um
grande romance", defende Bruno Porto, editor de aquisições da
Intrínseca, que publicou a obra por aqui e planeja vender 1 milhão de
cópias no país. Tamanho sucesso levou outras editoras do mundo todo a
lançar os próprios romances do gênero na tentativa de aproveitar o
frisson. Dezenas de títulos surgem a cada semana. No Brasil, a editora
Paralela, por exemplo, investiu na trilogia Crossfire, de Silvia Day; a Jardim dos Livros apostou no picante Loucamente Sua, de Rachel Gibson; a Best Seller lançou Cinquenta Tons de Prazer, de Marisa Benett — todas autoras americanas. A lista é vasta.
Entre os analistas do fenômeno, há quem diga que o sucesso do mommy porn
se deve à internet: os e-books garantem que moçoilas e senhoras leiam
as histórias mais escabrosas em seus tablets sem que ninguém saiba o que
estão saboreando. Graças aos e-books também, a enorme demanda pelo
produto pôde ser atendida — a primeira versão foi publicada por uma
pequena editora australiana, incapaz de imprimir cópias em grande
escala. Também há quem atribua a força das vendas ao fato de as mulheres
estarem em maioria nos grupos virtuais de leitura, onde o boca a boca
corre rápido. Os estudiosos do comportamento feminino argumentam, ainda,
que a demanda feminina por produtos pornôs estava represada e já dava
há tempos sinais de que iria explodir. A literatura erótica seria,
portanto, uma espécie de reação natural de consumidoras já emancipadas
depois de uma série de mudanças comportamentais. Para entender todas as
sutilezas desse fenômeno, conversamos com especialistas de diferentes
áreas e países. Todos concordam que vivemos um momento histórico
singular, que deve ser comemorado: nos libertamos de muitos tabus,
assumimos que gostamos de sexo e estamos buscando, em massa, caminhos
individuais para o prazer.
Pornô vintage
Os desenhos que ilustram esta reportagem são de Carlos Zéfiro,
pseudônimo do funcionário público carioca Alcides Aguiar Caminha. Dos
anos 1950 aos 1970, ele publicou quadrinhos eróticos de grande sucesso.
Os livretos, vendidos em bancas, alcançaram tiragens de 30 mil
exemplares. Apesar de refletir o espírito do seu tempo, recheando a
maioria de suas histórias com homens viris e mulheres submissas, Zéfiro
às vezes incluía personagens femininas fortes, que não se inibiam em
buscar seu prazer. Mas, na época, se havia garotas entre seus leitores
-— e, certamente, havia as audaciosas —, elas tinham de fazer isso às
escondidas.
Roberta Close: a um passo dos filmes pornôs e de ensaio nu
Enquanto não confirma a proposta para atuar em produção do ramo, a transexual mais famosa do Brasil se prepara para posar nua
La Close: Mulher de 40 prestes a aparecer nua
Um dos grandes personagens dos anos 80 pode voltar a figurar em
breve no cenário nacional. E não é em nenhuma festa Ploc, que
revive a música e a moda que marcaram há quase três décadas
atrás, mas na banca de jornal. Ícone de beleza e polêmica
naqueles tempos, Roberta Close acaba de receber proposta
da revista “Sexy” para posar nua e, reza a lenda, convite para
fazer filme pornô também.
O EGO foi atrás da celebrada transexual para
saber que parte dessa história é verdade, e se ela está disposta
a mostrar a beleza que a eternizou em revistas de nu como
“Playboy”, “Ele & Ela”, e na própria “Sexy”, que agora quer
um revival.
“Tive uma primeira reunião com o pessoal da revista, mas não tem nada certo. Mas queria que este novo ensaio fosse uma coisa que ficasse na lembrança das pessoas. Que fosse para comprar e guardar”, diz ela, demostrando certa vontade de dizer sim.
“Tive uma primeira reunião com o pessoal da revista, mas não tem nada certo. Mas queria que este novo ensaio fosse uma coisa que ficasse na lembrança das pessoas. Que fosse para comprar e guardar”, diz ela, demostrando certa vontade de dizer sim.
Já sobre o pornô, ela nega ter recebdio proposta, mas revela que
anda pensando no assunto.
“Não recebi proposta de ninguém. Mas sei que agora, no Brasil, vários artistas estão trabalhando com a indústria pornô. Se acontecesse, gostaria de alguma coisa como ‘O Último Tango em Paris’”, diz Roberta, referindo-se ao filme com a famosa cena da manteiga de Marlon Brando e Maria Schneider. Leia mais do papo com Roberta close a seguir.
EGO: É verdade que você foi convidada para posar nua
pela revista “Sexy”?
ROBERTA CLOSE: É sim, mas entre convidar e aceitar tem uma grande diferença (risos).
ROBERTA CLOSE: É sim, mas entre convidar e aceitar tem uma grande diferença (risos).
Como você recebeu esse convite?
ROBERTA CLOSE: Com ansiedade. Sou muito
exigente comigo mesma. Gostaria que fosse tudo da melhor maneira
possível, com ótima qualidade, fotógrafo e luz. Fazer foto nua
de novo é como fazer minha primeira foto. Mas vida é um eterno
recomeço. Mas não gostaria que caísse na vulgaridade.
Você se reuniu com a equipe da revista na quarta-feira (20). Como foi esse encontro?
ROBERTA CLOSE: Não fiz nenhuma exigência. Só quis conhecer a equipe, que é nova. Foi uma apresentação. Minha última matéria desse tipo já tem 10 anos. Foi para a própria “Sexy”. Mas acho que agora seria o último ensaio. Não me vejo, com a minha idade, fazendo outro ensaio nu daqui a 10 anos.
Você está com que idade?
ROBERTA CLOSE: Mais de quarenta.
Como você saiu dessa reunião? Está inclinada a aceitar?
ROBERTA CLOSE: Sim. Fiquei muita bem impressionada. Queria que este novo ensaio fosse uma coisa que ficasse na lembrança das pessoas. Que fosse para comprar e guardar
ROBERTA CLOSE: Sim. Fiquei muita bem impressionada. Queria que este novo ensaio fosse uma coisa que ficasse na lembrança das pessoas. Que fosse para comprar e guardar
E cachê, quanto pesa a questão financeira na sua decisão?
ROBERTA CLOSE: Eu, quando faço um trabalho, não penso sobre isso. Penso no trabalho. Se começar a pensar só em dinheiro, a coisa não sai. Eu, como artista, gosto de falar da roupa, da maquiagem, da fotografia. E ainda não me fizeram uma proposta. Também não vou cuidar disso.
Se tudo der certo, você deve ser capa de que mês?
ROBERTA CLOSE: Ainda não sei. Mas talvez dezembro ou janeiro. Tem também a proposta de ser em fevereiro de 2009, para fazer uma referência ao carnaval.
O EGO soube que você também foi convidada para estrelar
um filme pornô. É verdade?
ROBERTA CLOSE: Não recebi proposta de ninguém. Mas sei que agora, no Brasil, vários artistas estão trabalhando com a industria pornô como o Alexandre Frota, que fez um filme bem ousado. Mas não tive convite. Se tivesse, ficaria bem preocupada em achar um ator para contracenar comigo. Também teria de ver com a minha família e com o meu marido.
ROBERTA CLOSE: Não recebi proposta de ninguém. Mas sei que agora, no Brasil, vários artistas estão trabalhando com a industria pornô como o Alexandre Frota, que fez um filme bem ousado. Mas não tive convite. Se tivesse, ficaria bem preocupada em achar um ator para contracenar comigo. Também teria de ver com a minha família e com o meu marido.
Mas se esse convite se concretizasse, existiria a possibilidade de você aceitar?
ROBERTA CLOSE: Na vida existe a possibilidade para tudo. Tem jeito pra tudo. Só não tem jeito para a morte. Como hoje em dia as atrizes fazem, não teria por que eu ter pudor. A Gretchen, a Leila Lopes, o Alexandre Frota. Todos fizeram. Antes, chamavam de pornochanchada. Agora é pornô mesmo. Mas sempre existiu. A Vera Fischer já fez pornochanchada, a Vera Gimenez também. Lembro de um filme em que o Cláudio Marzo transava com uma melancia. Hoje em dia esses filmes viraram cult. Quem sabe um dia um filme meu não vira cult?
Roberta em dois momentos da carreira, na década de 80
Você faria muitas exigências para aceitar fazer um
pornô? Com quem gostaria de contracenar?
ROBERTA CLOSE: Não sei. Não tenho a mínima
idéia de como funciona esse universo.
Mas seria alguém badalado nesse universo?
ROBERTA CLOSE: Não sei como eles iam querer fazer o filme. Se iam querer cenas de lesbianismo.
Tem alguma coisa que você não faria?
ROBERTA CLOSE: Acho que você ou faz ou não faz. Para topar e depois ficar cheia de coisa, melhor não fazer. Quem está na chuva é para se molhar.
ROBERTA CLOSE: Acho que você ou faz ou não faz. Para topar e depois ficar cheia de coisa, melhor não fazer. Quem está na chuva é para se molhar.
Então, se você topar, está valendo tudo?
ROBERTA CLOSE: Sim. Ou você faz ou não faz.
ROBERTA CLOSE: Sim. Ou você faz ou não faz.
Alexandre Frota diz que não faz mais filme pornô, mas seria uma pessoa com a qual você gostaria de contracenar?
ROBERTA CLOSE: Não. Ela já contracenou com um transexual, e não gostaria de misturar o trabalho dele com o meu trabalho.
Acha que seu marido deixaria?
ROBERTA CLOSE: Não sei. Essas coisas a gente não fica falando. Mas sou uma mulher independente. Sempre trabalhei. Não é porque encontrei o amor da minha vida que vou deixar de fazer.
ROBERTA CLOSE: Não sei. Essas coisas a gente não fica falando. Mas sou uma mulher independente. Sempre trabalhei. Não é porque encontrei o amor da minha vida que vou deixar de fazer.
Chegou a assistir ao filme da Leila Lopes? O que achou
do pornô light?
ROBERTA CLOSE: Assisti, e acho que com história, contexto, seria bem mellhor. Um filme com uma boa história, uma boa direção e fotografia é sempre bom. Vi algumas histórias no exterior que me encantaram como “Don Juan”, com Jane Birkin e Brigitte Bardot, e “O Último Tango em Paris” com Marlon Brando e Maria Schneider.
ROBERTA CLOSE: Assisti, e acho que com história, contexto, seria bem mellhor. Um filme com uma boa história, uma boa direção e fotografia é sempre bom. Vi algumas histórias no exterior que me encantaram como “Don Juan”, com Jane Birkin e Brigitte Bardot, e “O Último Tango em Paris” com Marlon Brando e Maria Schneider.
50 tons de cinza, o novo Pornô Light atrai as mulheres
Por Bianca Silveira
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Conexão conversou com a terapeuta sexual e psiquiatra Rita Jardim:
Será que é o perfil do homem perfeito vivido por Christian Grey? Ou o assunto ser o sexo, que sempre interessou mas agora está mais permitido? Talvez o sadomasoquismo, uma novidade para muitas mulheres?
Rita Jardim - A grande maioria das mulheres está procurando o livro, compra esse livro, muito por curiosidade. Nós estamos descobrindo um mundo que sempre existiu mas que para a gente era fechado, o mundo do conhecimento do sexo, da sexualidade
Mas o livro, criticado por muitos e amado por outros, traz alguns pontos que devem ser pensados. Até onde o prazer deve ser dado ao outro sem nenhuma reclamação? As mulheres precisam ser submissas e se sujeitarem a qualquer coisa para ter o homem perfeito? Submissão, amor ou desejo? A história de Anastásia, a protagonista do livro é apenas uma amostra do que a mulher ainda passa para ser feliz, será que mesmo no século XXI as mulheres ainda não sabem o que é o prazer?
As mulheres também querem saber sobre sexo |
RJ - Esses livros hoje tem uma abertura maior para falar sobre esse tema, expor o sexo. Não que as mulheres não soubessem que existia, mas cada uma sabiam dentro de um mundo particular dela. Hoje nós estamos podendo compartilhar e perceber que não sou só eu que sinto esse prazer, outras pessoas também sentem e isso traz um conforto, te deixar mais desinibia, conversar com seu parceiro e até praticar.
Durante o enredo do livro, Christian Grey faz com que Anastácia assine um contrato no qual ela estará aceitando se submeter a práticas sexuais masoquistas simplesmente para satisfazer o prazer do seu amante. E então um grande paradoxo: durante uma época em que a mulher busca seu próprio prazer, sua satisfação e principalmente busca acabar com os preconceitos e tabus relacionados ao "sexo frágil" reforçando seu feminismo, as livrarias trazem um livro que mostra a mulher como um objeto sexual para o prazer do outro. E as mulheres que antes defendiam o valor da mulher e a luta por direitos iguais são as compradoras de 50 tons de cinza. Na vida a mulher reclama de ser submissa ao homem, mas na cama vale?
Sex Shops apostam em produtos da série 50 tons de cinza |
A sexóloga Rita Jardim defende que isso não deve ser o certo, o livro pode trazer essa idéia da submissão, mas a mulher deve perceber que não é a única forma de ser feliz na relação sexual.
"Há uma forma de dar o prazer ao outro que muitas mulheres ainda se submetem. Muitas vezes, elas necessitam estar naquela situação, até muitas vezes financeira. Muitas mulheres ainda precisam dessa forma de relacionamento, baseada no outro. Porém há mulheres que nem percebem que estão submetidas ao prazer do outro, porque o outro fez com que elas acreditassem que só existe essa forma de ser feliz, dando o prazer ao outro, como se o prazer delas não fosse importante. Mas eu percebo que as mulheres estão lutando pelo seu próprio prazer e dessa maneira dar um prazer verdadeiro ao outro."
"Esse livro não pode ser considerado um manual para as mulheres. De forma alguma, ele não pode ser visto como: isso é muito bom e eu devo fazer. Isso é uma forma de sexo prazerosa para quem gosta de praticá-la. Isso não pode ser modelo, muitas mulheres podem não gostar do masoquismo." - coment Rita Jardim.
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