sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Conseguia estar 100 dias sem ir ao Facebook?

Conseguia estar 100 dias sem ir ao Facebook?

O desafio era este: ficar 100 dias sem aceder à rede social de Mark Zuckerberg. Simples? Nem por isso. Vão no 53º dia, e já houve quem descrevesse sintomas físicos de abstinência, quem admitisse que estava cheio de medo de perder os amigos, e até quem começasse uma mini-horta na varanda agora que estava com mais tempo disponível. No blogue fundado pelo criador do projecto, Felipe Teobaldo, desabafam os seus problemas, admitem as suas “recaídas”, e até há quem desista e assuma que simplesmente não aguenta mais. 

Há alguns meses atrás, a Universidade de Chicago publicou um estudo onde concluía que as redes sociais são mais difíceis de resistir do que álcool, tabaco e até sexo. Quando decidiram aderir ao projecto ‘100face’, foram muitos os que acreditaram que não ia ser assim tão difícil. Enganaram-se. Eram uma centena no início, mas hoje são quase metade – a maior parte não passou da primeira semana.
Um, dois, três dias. Cada momento é uma luta para não cair na tentação de reincidir no vício. Para dar toda a ajuda a fim de evitar uma recaída, um grupo que passa pela mesma situação troca suas dificuldades, vitórias e derrotas. Pela descrição, esse pode até parecer um grupo de reabilitação, como os Narcóticos Anônimos, mas se trata do site 100Face (www.100face.com.br).
Criada há pouco menos de um mês pelo consultor digital Felipe Teo, de 25 anos, a página é na verdade um experimento que procura analisar os efeitos causados em 100 pessoas que se dispuseram a ficar 100 dias sem logar na rede de Mark Zuckenberg. Essa ideia surgiu depois que Teo perguntou aos seus amigos virtuais o que poderia acontecer se ele deixasse de lado o seu perfil no site. “Senti que houve uma grande polarização de opiniões, ora muito positivas, ora extremamente agressivas. Mas a polêmica durou até que alguém sugeriu: ‘saia, escreva um blog e conte para nós como é a vida lá fora’. E assim eu fiz”, recordou, em entrevista por e-mail ao Gaz+.
O que era para ser uma experiência solitária, porém, acabou se estendendo para outros 99 voluntários, que toparam ficar longe da rede até o dia 1º de janeiro do ano que vem. A cada dia, os usuários relatam as suas experiências no 100Face, que serve como fórum de apoio e também como vitrine para os interessados em observar como as “cobaias” estão se saindo. “Temos em nossa equipe um psicólogo, um antropólogo, duas pesquisadoras e eu – que sou consultor em inteligência digital –, para acompanhar a experiência. Ao fim dela, lançaremos uma pesquisa explicando em detalhes o comportamento dos usuários e algumas análises sobre o comportamento digital do brasileiro no Facebook”, explica Teo.
Positivo e negativo
Os motivos para algumas pessoas sacrificarem uma grande fatia das suas vidas sociais na internet são diversos. Há desde aqueles que tentam se livrar do vício de entrar o tempo todo na sua timelime, os que querem ficar longe dos (ou das) “ex” e até o desejo de se tornar uma pessoa mais produtiva – o que tem dado certo para alguns usuários, como se pode comprovar nas postagens do 100Face. Um dos exemplos é o de Edgar Melo, que conta estar se sentindo mais criativo depois de ficar 13 dias sem logar no perfil.
O próprio Teo é outro que percebeu os benefícios de se afastar da rede. Mas nem por isso ele deixou de sentir na pele os males de não visitar o perfil. “No momento vejo que há vantagens: mais foco, mais tempo e menos lixo virtual, assim como alguns problemas, como um certo isolamento social e barreiras para interagir online. Mas ainda não sei se revendo a experiência acharei que a falta do Facebook será positiva ou negativa”, conta.
Para ocupar o tempo livre deixado pela falta de acessos, o criador diz que passou a ler com mais frequência e a se informar por meio de outras fontes. “Tenho lido livros e me informado mais com profissionais, como jornalistas e blogueiros, e menos com o meu circulo social. Por isso, estou me sentindo menos dependente do senso comum”, revela. Mas nem tudo é alegria: cerca de um quinto dos usuários tiveram recaídas e visitaram as suas páginas. Força, pessoal!

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